segunda-feira, 29 de março de 2010

Índice

INTRODUÇÃO
TRACTOR
ALFAIAS DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO

  • Charrua
  • GRADES
  • ESCARIFICADORES
  • FRESAS
  • ROLOS
DISTRIBUIDORES DE FERTILIZANTES
  • Distribuidores de chorume
  • Distribuidores de ESTRUME
  • SEMEADORES
  • PULVERIZADORES
Conclusão
Bibliografia consultada

INTRODUÇÃO

Numa agricultura moderna, o trabalho agrícola implica obrigatoriamente o uso de várias máquinas agrícolas.
Desde o começo, até ao final de cada campanha, são várias as máquinas a serem utilizadas, e como tal exigem-se vários cuidados, de forma a minimizar o seu desgaste e optimizar o trabalho executado.
Tratando-se de máquinas com elevado nível de perigo, devemos ter em conta alguns cuidados e práticas visando diminuir ou anular os riscos da sua utilização.
Neste manual indicam-se alguns procedimentos e cuidados, alertando os Operadores de Máquinas Agrícolas para os benefícios dessas práticas na sua segurança, no trabalho realizado e na compensação final.

Sr. Operador, cuide das suas máquinas, da sua segurança e dos seus.

TRACTOR

O tractor é uma máquina auto propulsora, apoiada em rodas ou lagartas, é utilizada para arrastar ou rebocar, e transmitir potência para o exterior através dos seus sistemas hidráulicos, eléctrico e t.d.f.
Sendo o tractor constituído por peças de desgaste devemos minimiza-lo de forma a aumentar a sua vida útil, executando um plano de manutenção.

PLANO DE MANUTENÇÃO

Cuidados diários:

Antes de iniciar o serviço
· Verificar fugas de água, óleo ou gasóleo, e saber a proveniência.
· Verificar o estado dos pneus.
· Nos tractores refrigerados por água verificar o nível da água do radiador, e atestar se necessário. (A água deve estar a acerca de 2 cm abaixo da base do tampão).
· Nos tractores refrigerados a ar ver se existe sujidade nas alhetas.
· Verificar o nível de óleo do motor e acrescentar se necessário. (O nível deve estar sempre junto ao máximo).
· Verificar a existência de água no copo de decantação de combustível e eliminá-la.
· Verificar o estado do filtro do ar e limpar se necessário.
· Verificar o painel de instrumentos.

Depois de acabar o serviço
· Lubrificar o trem dianteiro.
· Atestar o depósito do gasóleo, a fim de evitar que o ar quente existente se transforme em água. (Se não for possível retirar o tampão do depósito).

Cuidados semanais:
· Fazer todos os cuidados diários.
· Lavar o tractor.
· Fazer a lubrificação geral dos copos com massa (gracés).
· Verificar a folga dos pedais do travão e da embraiagem.
· Verificar a folga e ver o estado da correia da ventoinha.
· Fazer a manutenção da bateria.
· Verificar a pressão dos pneus, e corrigir se necessário.
· Verificar todos os níveis de óleo. (Motor, transmissão hidráulica, direcção e redutores finais).
· Verificar a folga do cubo das rodas directrizes.
· Limpar o ninho (favos) do radiador.
· Reajustar porcas e parafusos.

Cuidados anuais:
· Substituir o líquido de refrigeração e lavar o sistema.
· Lavar o depósito de combustível.
· Mudar o óleo da transmissão hidráulica direcção e redutores finais.
· Substituir filtro do sistema hidráulico.
· Substituir o elemento primário do filtro de ar seco.
· Lavar o filtro em banho de óleo.
· Substituir o filtro ou filtros de combustível.

Mandar fazer
· Calibrar injectores.
· Afinar as válvulas do motor.
· Mandar limpar as escovas do alternador e do motor de arranque.

Óleo do motor
Mudar o óleo do motor às 150 - 200 horas ou de 6 em 6 meses, conforme o que acontecer primeiro, usando o óleo aconselhado pelo fabricante.

Filtro de óleo do motor
Se o tractor possuir filtro de óleo tipo cartucho, deve substituir-se sempre que mudar o óleo do motor, se possui um filtro tipo blindado, a mudança deve ser feita vez sim vez não da mudança de óleo.

Filtro de ar
Se o tractor possui filtro de ar a seco, verifique o seu estado diariamente ou consoante o seu serviço, mas deve substitui-lo logo que detecte que ele está roto, ou de 1000 em 1000 horas. Se o tractor possuir filtro de ar em banho de óleo, verifique o seu estado diariamente ou consoante o serviço. Caso necessário, limpe-o e substitua o óleo.
Nota: O óleo utilizado nos filtros em banho de óleo é o mesmo que utiliza para lubrificação do motor.

Filtros de combustível
Se o tractor possui dois filtros de gasóleo, deve substituir-se o primário de 500 em 500 horas e o secundário de 1000 em 1000 horas. Se o tractor possui só um filtro, ele deve ser substituído após 500 horas de trabalho. Não esquecer de substituir os 3 anéis vedantes.

Óleo das transmissões e hidráulico
Substituir entre as 500 e as 1000 horas de trabalho, conforme a indicação do manual. Se os redutores finais estiverem em cárter separado substituir também o óleo, tal como o da transmissão frontal.

Filtro de óleo do Hidráulico
Substitui-lo ou limpá-lo consoante o caso, aquando da mudança do óleo.

RECOMENDAÇÕES DE SEGURANÇA


· Subir para o tractor pelo lado esquerdo, pois os comandos do hidráulico, o acelerador de pé e os travões estão localizados no lado direito, evitando-se assim quedas ao esbarrar acidentalmente nos pedais e alavancas.
· Descer pelo mesmo lado e de frente para o volante.
· Ajustar o acento do tractor de maneira a realizar o trabalho comodamente.
· Verificar se não há pessoas (ou obstáculos) próximas do tractor quando o colocar em funcionamento.
· O lugar onde o tractor é ligado deve ter boa ventilação.
· Não deixe as chaves no contacto.
· Sempre que possível, circule com os pedais de travão unidos para que, quando accionados travem as rodas por igual e destrave quando trabalhar no campo, para facilitar as manobras.
· Mantenha a plataforma, estribos e pedais do tractor limpos, para evitar que fiquem escorregadios.
· Pare e trave o tractor, antes de descer dele.
· Calce, trave e engate o tractor, tanto em descidas como em subidas, quando estiver em carga.
· Não trabalhe próximo de barrancos ou valas profundas.
· Mantenha uma distância superior à altura do tractor (incluindo a estrutura de segurança), entre o tractor e o inicio da ribanceira.
· Utilizar sempre a barra de tracção para reboque e nunca o braço superior do hidráulico (terceiro ponto).
· Quando efectuar qualquer serviço na alfaia que esteja ligada ou suspensa no sistema hidráulico do tractor, deve colocar um cavalete para escorar a alfaia (nunca confie no sistema hidráulico).
· Ao trabalhar com alfaias pesadas, use pesos na parte dianteira do tractor, para evitar o empinamento.
· Não usar roupa solta ou folgada, nem se aproxime do eixo da tdf, de polias, ou de outros órgãos em movimento.
· Sempre que inspeccionar a tdf desligue-a, principalmente quando esta estiver com alfaias acopladas ao tractor.
· Ao usar alfaias movidas pela tdf do tractor, use sempre as protecções.
· Antes de ligar a tdf verifique, com as mãos se a protecção do veio telescópico de cardans gira livremente.
· Quando acabar o serviço recoloque a tampa de protecção da tdf.
· Não improvisar “macacos” para consertos ou reparações no tractor ou máquinas agrícolas.
· Ao parar o tractor com alfaias ligadas ao terceiro ponto de sistema hidráulico devem baixar-se.
· Não transportar pessoas sobre o tractor, a não ser que haja lugar adequado, oferecendo segurança aos passageiros e ao tractorista.
· Verifique o nível da solução da bateria com lanterna ou luz do sol.
· Não use chamas para iluminar e não fume próximo da bateria.
· Não colocar objectos metálicos sobre a bateria, porque poderá provocar um curto – circuito ou explosão da mesma.
· Tomar cuidado para não ingerir, derramar na pele, nos olhos ou nas roupas líquido contido no interior das baterias (solução de ácido sulfúrico) que pode ocasionar graves queimaduras.
· Ao retirar a tampa do radiador deve-se rodar até à primeira posição e esperar que saia o vapor de água, em seguida rodar para a segunda posição e só então, retirar a tampa.
· Não conduzir em velocidades excessivas.
· Reduzir a velocidade ao efectuar as voltas nas cabeceiras do campo.
· Uma alfaia bem regulada e bem conservada tem peso suficiente; por isso não deixe que outras pessoas subam para lhe aumentar o peso.
· Se for necessário aumentar o peso use sacos de areia ou pedras.

CUIDADOS AO OPERAR EM TERRENOS INCLINADOS

1 - A utilização correcta das velocidades ajuda os travões a controlar o tractor em descida.
2 - Ao desengatar máquinas de um tractor, verifique se as mesmas estão correctamente calçadas.
3 - Afaste as rodas traseiras do tractor, aumentando a distância entre elas, para evitar o reviramento lateral.
4 - Nunca use o ponto morto, principalmente em descidas.
5 - Utilize a embraiagem de forma suave especialmente em subidas.
6 - Não mude a velocidade durante uma subida ou descida, mas sim antes de iniciá-las.
7 - Trave e engate o tractor, quando o parar.
8 - No caso de choque ou reviramento, desligue imediatamente o motor, caso contrário poderá ocorrer incêndio.
9 - Quando conduzir na via pública, interligue os pedais dos travões entre si. A travagem com os pedais independentes um do outro pode dar origem a que o tractor derrape. Além disso, utilize o motor como travão, evitando desgaste dos travões.

ALFAIAS DE MOBILIZAÇÃO DO SOLO

CHARRUAS
A lavoura é um dos mais importantes trabalhos de mobilização do solo arável e tem por objectivo revolvê-lo, para melhorar a circulação da água e ar. A charrua tem como função o enterramento de restos da colheita, estrumes, dos correctivos e fertilizantes.
A charrua tem na sua constituição peças não activas e activas.
As peças não activas nas charruas são as de engate, de suporte e protecção.
As peças activas são as que realizam trabalho no terreno provocando-lhe desgaste.
Para minimizar esse desgaste temos que realizar o trabalho com uma charrua bem regulada. Esta regulação pressupõe ainda um maior aproveitamento da potência do tractor, e um menor consumo de combustível, menor desgaste de pneus, menor esforço do operador e uma maior perfeição do trabalho que irá beneficiar a cultura a instalar.

Engate aos 3 pontos do hidráulico
Em primeiro procede-se ao engate da charrua com o tractor obedecendo à seguinte ordem:
1º - Engate da barra de tracção do tirante fixo.
2º - Engate da barra de tracção do tirante móvel. Quando ambos os tirantes forem móveis engata-se o que der mais jeito.
3º - Engate da barra de terceiro ponto “ou barra de topo”.

Para desengatar procede-se de forma inversa.
Depois da charrua engatada deve proceder-se à regulação da alfaia, para optimizar o trabalho.

Regulação transversal
Consiste no nivelamento dos dois tirantes “direito e esquerdo” de modo a ficarem com o mesmo comprimento.
A regulação faz-se por intermédio da manivela do tirante móvel com a alfaia pousada no chão.

Regulação lateral ou centralização
Consiste em centrar a alfaia com o tractor colocando o comprimento dos estabilizadores igual dos dois lados, medindo-se do interior da jante á barra de tracção com a alfaia suspensa no ar.

Regulação longitudinal ou abicamento
É regulada na barra do terceiro ponto ou barra de topo, encurtando-o ou alongando-o para que o corpo da frente trabalhe à mesma profundidade do de trás. Esta afinação pode ser feita previamente deixando-se entre 5 a 6 centímetros do calcanhar da charrua ao solo, fazendo-se depois a afinação final no terreno. Esta afinação consiste em verificar se o calcanhar vai a roçar demasiado no fundo do rego ou se não deixa qualquer sinal.
A velocidade a que uma charrua deve trabalhar varia com a potência do tractor, tipo de solo e humidade do mesmo, cobertura vegetal, topografia do terreno, peso da charrua, largura do corte e profundidade do trabalho. No entanto e apesar das condicionantes expostas, a velocidade de trabalho nas charruas de aivecas deve ser de 4 a 7 km/h.

Manutenção
As charruas exigem, como qualquer outra alfaia, uma cuidadosa manutenção antes, durante e depois da campanha.

Antes da campanha:
· Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos, reapertando-os se necessário.
· Lubrificar todos os copos de lubrificação, procedendo à sua limpeza antes e depois da lubrificação.
· Deitar alguns pingos de óleo em todos os pontos de atrito.

Durante a campanha:
· Tratando-se de charruas novas reapertar todas as porcas, parafusos e munhões de engate no final do 1º dia de trabalho.
· Proceder às verificações anteriores de 50 em 50 horas de trabalho.
· Diariamente de 10 em 10 horas lubrificar todos os copos de lubrificação e deitar alguns pingos de óleo nos pontos de atrito.
· Vigiar e ajustar as peças de desgaste e substituí-las sempre que necessário.
· Sempre que se mude de local de trabalho, lavar muito bem a alfaia para que não haja infestações de ervas daninhas.

Depois da campanha:
· Substituir as peças com desgaste excessivo.
· Ajustar folgas.
· Lavar com água sob pressão.
· Retocar a pintura.
· Lubrificar todos os copos de lubrificação.
· Besuntar, com parafina, todos os locais sem tinta, com especial destaque para as peças activas.
· Guardar a alfaia sob coberto e em cima de uma superfície dura e seca.

GRADES

A preparação da cama da semente é um trabalho exigente que só termina quando a terra se encontra bem desterroada e nivelada.
Neste sentido, após uma lavoura há necessidade de proceder a uma gradagem para:
· Nivelar e desterroar as leivas;
· Picar e partir restos de culturas e ervas;
· Enterrar adubos quando distribuídos a lanço (ou mesmo sementes);
· Destruir ervas daninhas em certas culturas;
· Partir a crosta superficial do solo, para facilitar a penetração do ar e da água.

Classificação das grades

Rígidas
Grades de Arrasto Maleáveis
Oscilantes
Giratórias

Grades De pás
Oblíquas
Dentadas
Grades Rolantes De arame
Em caracol
Com dentes de aço
De estrelas

De discos
Uma vez engatada a grade deve proceder-se à sua regulação.
As regulações são as referidas para as charruas (regulação transversal, regulação lateral ou centralização, regulação longitudinal e regulação da profundidade de trabalho) e feitas da mesma forma, à excepção da regulação da profundidade de trabalho, que para além de ser feita no comando do hidráulico do tractor é influenciada pelo ângulo de abertura dos corpos. Assim em terrenos pesados, duros e de difícil penetração deve aumentar-se o ângulo de abertura.

Manutenção:
As grades exigem uma cuidadosa manutenção antes, durante e depois da campanha.

Antes da campanha:
· Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos, reapertando-os se necessário;
· Lubrificar todos os copos de lubrificação, procedendo à sua limpeza antes e depois da lubrificação
· Deitar alguns pingos de óleo em todos os pontos de atrito.

Durante a campanha:
· Tratando-se de grades novas reapertar todas as porcas, parafusos.
· Lubrificar gracés.

No fim da campanha
· Deve-se lavar a máquina, parafinar, e lubrificar graçés.
· Guardá-la em lugar seco e abrigado.
· Substituir peças com desgaste excessivo.

ESCARIFICADORES

Os escarificadores são alfaias muito versáteis, com grande capacidade de trabalho e múltiplas aplicações, sendo utilizados para:
Mobilização do solo sem reviramento;
· Controlo de infestantes;
· Enterramento de sementes;
· Complemento de outros trabalhos de mobilização do solo;
· Regeneração de prados.

Regulações e Afinações
As Regulações e afinações são as mesmas referidas nas grades.

Manutenção
A manutenção dos escarificadores deve ser feita antes, durante e após a companha.

Antes da campanha
· Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos.
· Lubrificar, nos escarificadores de molas, os casquilhos das articulações dos braços.

Durante a campanha
· Em alfaias novas ou depois de qualquer mudança de posição dos dentes, reajustar todas as porcas e parafusos ao fim da primeira hora de trabalho;
· Repetir, de 8 em 8 horas de funcionamento, a lubrificação dos casquilhos das articulações dos braços, nos escarificadores de molas;
Verificar se os bicos se encontram em boas condições, invertendo-os ou
· substituindo-os, se necessário;
· De 50 em 50 horas reapertar todas as porcas e parafusos, incluindo os de fixação dos casquilhos e dos bicos.

FRESAS

As fresas são utilizadas na mobilização do solo, nomeadamente na preparação da cama para a semente, destruição do restolho e no combate a infestantes. Esta alfaia faz um excelente trabalho na preparação da cama de sementeira mas a utilização em excesso pode trazer problemas ao solo. Veremos a seguir algumas vantagens e desvantagens da utilização da fresa.

Vantagens

Bom arejamento.
Mistura de elementos do solo.
Boa fragmentação.

Desvantagens
· Formação do calo de fresagem.
· Destruição da estrutura do solo.

Manutenção
Antes da campanha:
· Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos e repartá-los, se necessário;
· Lubrificar os copos das rodas de profundidade ou dos patins, se for esse o caso;
· Lubrificar os copos de lubrificação das chumaceiras de apoio do rotor;
· Verificar o nível de óleo de todas as caixas de transmissão e atestar, se necessário.
Durante a campanha:
· Alfaias novas ou recondicionadas, reapertar todas as porcas e parafusos ao fim da primeira hora de trabalho;
· Repetir, de 8 em 8 horas de funcionamento, as verificações e lubrificações recomendadas;
· Verificar, semanalmente, o nível de óleo de todas as caixas;
· Após todas as 100 a 150 horas de funcionamento, substituir todos os óleos.

Depois da campanha:
· Lavar com água sob pressão.
· Verificar o desgaste das facas e substitui-las, se necessário.
· Verificar o estado de funcionamento da transmissão e repara-la, se for caso disso.
· Lubrificar todos os pontos a tal destinados.
· Retocar a pintura nos pontos onde tenha sido danificada.
· Besuntar com parafina todas as partes não protegidas com tinta.

ROLOS

São alfaias com elementos cilíndricos que rodam livremente num eixo horizontal, o qual está disposto transversalmente em relação á direcção da marcha.
Têm como missão destruir torrões, uniformizar a superfície do solo para a sementeira e nivelar a parte superior do terreno a fim de regular a sua humidade.

A manutenção deverá ser executada antes, durante e após o trabalho.

Antes da campanha:
· Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos e reapertá-los, se necessário.
· Lubrificar os copos de lubrificação.

Durante a campanha:
· Em alfaias novas reapertar todas as porcas e parafusos no final do dia de trabalho;
· Repetir, de 8 em 8 horas de funcionamento, as verificações e lubrificações recomendadas.
· Vigiar o estado de elementos.

Após a campanha:
· Lavar com água sob pressão.
· Ajustar folga.
· Verificar o estado dos elementos e substituir os danificados.
· Retocar a pintura nos pontos onde tenha sido danificada.
· Lubrificar todos os pontos.
· Parafinar todas as partes não pintadas.
· Guardar sob coberto e em cima de uma superfície dura e seca.

DISTRIBUIDORES DE FERTILIZANTES

O conhecimento das necessidades das culturas, da composição do solo e da função que cada nutriente tem nas diversas fases do desenvolvimento das plantas, fornecem-nos informações importantes para a fertilização do solo.
A preservação da qualidade do ambiente, da saúde dos agricultores, dos consumidores e população em geral, constituiu hoje uma grande preocupação para a humanidade.
Assim para evitar possíveis contaminações, devemos aplicar quantidades adequadas distribuindo-as homogeneamente pelo terreno. Isto pressupõe o uso de boas práticas agrícolas e o trabalho com máquinas bem afinadas, e reguladas.

Tipos de Distribuidores de fertilizantes
Distribuidores de fertilizantes sólidos:
Por gravidade.
Centrífugos.
Pneumáticos.
Localizadores.
Distribuidores de fertilizantes líquidos:
Sobre pressão.
Por gravidade.
Mistura na água de rega por aspersão.
Distribuidor de chorume.
Distribuidor de estrume semi-líquido.
Distribuidores de fertilizantes gasosos.

Regulações no distribuidor de fertilizantes

Regulação transversal
Consiste em nivelar os dois tirantes (direito e esquerdo) de modo a ficarem com o mesmo comprimento. A regulação faz-se com a manivela do tirante móvel e com a alfaia no chão.

Regulação lateral ou centralização
Esta regulação consiste, em centrar a alfaia com o tractor, colocando o comprimento dos estabilizadores em igual medida dos dois lados, medindo desde o interior da jante traseira do tractor á barra de tracção, com a alfaia suspensa no ar.

Regulação longitudinal
O braço do terceiro ponto do sistema de levantamento hidráulico deve ser ajustado em comprimento de modo a que o eixo longitudinal do distribuidor fique paralelo à superfície plana de apoio do conjunto tractor/distribuidor.
Em posição de trabalho o órgão de distribuição dos fertilizantes deve estar a 70 cm do solo.

Quantidade de adubo a distribuir

· Para obter uma distribuição uniforme do adubo é necessário:
· Consultar a tabela de distribuição do boletim do utilizador fornecido pelo fabricante;
· Cumprir todas as indicações referentes à posição da (s) adufa (s), à configuração das palhetas do (s) disco (s), à altura do órgão de distribuição relativamente ao solo, ao regime de tomada de força, à velocidade de avanço do tractor, e largura de trabalho para cada produto;
· Ter em atenção o teor de humidade dos produtos, a presença de aglomerados e a existência de vento, factores que podem prejudicar uma boa distribuição

Regulação da distribuição
A quantidade de fertilizante a distribuir por hectare nos distribuidores centrífugos depende da abertura da adufa, da largura de trabalho, e da velocidade de deslocação do tractor.
Esta quantidade pode determinar-se facilmente através da fórmula

D - débito do distribuidor em quilogramas por minuto
V - velocidade de deslocação do tractor em quilómetros por hora
L - largura de trabalho em metros
600 – Constante

O ensaio é feito da seguinte forma:
Engata-se o distribuidor a um tractor e deita-se adubo na tremonha.
Coloca-se a patilha de fixação da adufa num determinado número, e imobiliza-se.
Põe-se a tdf do tractor a 540 r.p.m., abre-se a adufa até a patilha de fixação e recolhe-se o fertilizante durante um minuto.
O Fertilizante que cai num saco ou oleado, para o efeito, conforme se trate respectivamente do distribuidor de disco(s) ou tubo oscilante. Pesa-se o fertilizante obtendo-se assim o valor D.
Em relação ao terreno onde vai ser feita a distribuição, escolhe-se a velocidade desejada obtendo-se assim o valor V.
O valor da largura de trabalho (L) obtém-se diminuindo a largura de distribuição, ou largura máxima, isto é a largura total que o distribuidor alcança pela sua quarta parte que é, de uma maneira geral, a sobreposição a fazer em cada passagem.
É esta a largura de trabalho, ou largura útil.
Exemplo:
Se o distribuidor alcança 16 metros, a largura de trabalho será de 16 ÷ 4= 4; 16 – 4 = 12 metros.
Se o valor obtido por hectare não for o desejado pode-se aumentar, ou diminuir a quantidade de fertilizante a distribuir, aumentando ou diminuindo a abertura da adufa ou a velocidade do tractor.

Manutenção
Para que haja a garantia de um longo período de vida útil desta alfaia, após a sua utilização, e visto que os fertilizantes são corrosivos devemos:
· Lubrificar todos os copos a tal destinados.
· Esvaziar a tremonha e lavar com água limpa todo o distribuidor, de modo a eliminar todas as partículas de adubo ou correctivo.
· Enxaguar.
· Reapertar todas as porcas e parafusos.
· Verificar o estado de desgaste e funcionamento dos componentes, reparando ou substituindo peças.
· Guardar o distribuidor ao abrigo do sol e da chuva, protegendo os seus órgãos com produtos anti-corrosivos ou retocando a pintura.
Recomendações de segurança
Para além das recomendações feitas na utilização do tractor, devemos ter em consideração que se tratam de alfaias accionadas pela tdf, logo:
· Devemos usar sempre as protecções nos seus devidos lugares.
· Nunca ligar a tdf sem se certificar que ninguém se encontra junto à alfaia.
· Nunca aproximar as mãos ou pés do veio da tdf, em funcionamento, muito menos com roupas folgadas ou dependuradas.
· Ao utilizar qualquer alfaia ligada a tdf deve-se cumprir rigorosamente as instruções dos manuais e nunca tirar a protecção do veio telescópico dos cardans.
· Não trabalhar com o veio telescópico de cardans em ângulos forçados (o máximo de 30º ou 70º, consoante se trate de cardans simples ou duplo respectivamente).
· Nunca ligar o equipamento previsto para trabalhar a 540 r.p.m. a uma tdf de 1000 r.p.m., ou vice-versa.
· Sempre que necessite de mexer na tdf, ou na alfaia, pare o motor. Não basta utilizar a embraiagem porque este mecanismo pode falhar, originando o funcionamento do veio.
· Usar sempre EPI’s (Equipamento de protecção individual).

DISTRIBUIDORES DE CHORUME

Também designado por semi-reboque distribuidor de chorume, é uma cisterna estanque e de material inoxidável equipada com uma bomba ou com um compressor accionado pela tdf do tractor, a fim de executar o enchimento e esvaziamento do depósito.
Antes do enchimento e por intermédio da mangueira de sucção, deve fazer-se uma agitação do chorume e a distribuição é executada por uma pala distribuidora.

Distribuidor de estrume semi-líquido
Também designado por semi-reboque distribuidor de estrume, é vulgarmente conhecido por reboque cisterna.

DISTRIBUIDORES DE ESTRUME

Designados reboques distribuidores de estrume, são semi-reboques aos quais se juntaram, no fundo da caixa, órgãos de alimentação e, na parte traseira orgãos de esmiuçamento e distribuição.
Têm como função acelerar, melhorar e facilitar o trabalho de transporte, colocação e distribuição conveniente do estrume no solo.

Cuidados de manutenção
Os cuidados a ter com estes distribuidores consistem na lubrificação de todos os copos a tal destinados, numa boa lavagem, exterior e interior, com água limpa e em abundância, no reaperto de todas as porcas e parafusos, substituição de tudo o que estiver danificado e pintura de todas as partes sem tinta. Em seguida devem ser guardados sob coberto e em cima de uma superfície dura e seca.

SEMEADORES

Os semeadores são máquinas que executam uma sementeira, a qual consiste na colocação das sementes no terreno em condições propícias para que o seu desenvolvimento se processe da melhor forma possível. Esta operação pode ser feita à mão ou por semeadores, denominando-se respectivamente manual e mecânica.
Tipos de semeadores:
Centrífugos
Lanço Queda livre
Meios aéreos
Semeadores
Multigrão
Linhas
Monogrão

Manutenção
Diariamente

· Limpar e lubrificar todos os pontos a tal destinados, verificar a tensão e o estado das correias e/ou correntes, limpar os órgãos de distribuição, e comprovar o estado dos pneus quando existem.

Semanalmente
· Verificar a pressão dos pneus

No final da campanha
· Lavar, lubrificar, olear todos os pontos sem tinta, e desmontar as correias e/ou correntes guardando-as de acordo com as normas para tal destinadas. Se houver alguma peça danificada, deverá ser substituída.
· Finalmente guardá-las em local coberto e de preferência seco.

PULVERIZADORES


São máquinas que servem para espalhar calda sobre o solo ou sobre as plantas em finas gotículas e com maior regularidade possível, a uma velocidade compreendida entre 5 a 8 K/h.

Tipo de pulverizadores
· Pulverizadores de dorso
· Pulverizadores montados
· Pulverizadores rebocados
· Pulverizadores autopropulsores
Sendo os pulverizadores montados, rebocados e autopropulsores de jacto projectado e transportado.

Regulações
Calibragem de bicos
A calibragem dos bicos deve ser feita pelo menos uma vez por ano e destina-se a verificar se a quantidade a distribuir por bico é igual em todos os bicos da barra de pulverização. Caso haja diferenças, estas não podem ultrapassar 10%. Caso isto se verifique terá que se proceder à substituição dos bicos de deteriorados. Neste sentido o agricultor pode executar, embora de forma rudimentar a calibragem recorrendo às seguintes operações:
· Verificar se as pastilhas ou os bicos que vão trabalhar são todos iguais (mesma cor e numero).
· Colocar sacos plásticos, ou baldes para aparar o líquido.
· Colocar o tractor em funcionamento com a tomada de força a 540 rpm.
· Pulverizar para este recipientes durante 30 segundos ou um minuto.
· Com um recipiente graduado, medir a quantidade de líquido recolhido por bico e verificar se não há diferenças superiores a 10%.
· Substituir os bicos ou pastilhas que ultrapassem os limites.

Determinação da quantidade da calda a distribuir por ha
Para determinar a quantidade de calda a distribuir por ha por pulverizador necessitamos de ter em conta os seguintes factores:
V = velocidade de deslocação em k/h
L = largura de trabalho em metros
Q = débito do pulverizador em litros por minuto
Constante = 600

Assim utilizando a seguinte fórmula:
podemos calcular a quantidade de líquido a distribuir por ha.

O débito do aparelho (Q), obtêm-se recolhendo durante um minuto o liquido caído nos sacos plásticos ou baldes, ou recorrendo a tabelas próprias, onde de acordo com a cor e número do bico podemos obter o seu débito que multiplicado pelo número de bicos nos dá o débito do pulverizador por minuto.
A velocidade de deslocação do tractor (V) pode ser verificada recorrendo ao manual de instruções ou ao tractómetro, onde nos dá a velocidade de deslocação de acordo com a velocidade engrenada e o regime da tomada de força. Caso esta verificação não seja possível podemos recorrer ao seguinte ensaio: percorremos 100 metros com o tractor engrenado na velocidade e o regime da tdf a testar; toma-se nota do tempo gasto no percurso (em segundos) e dividindo-se 360 pelo número de segundos gastos a percorrer os 100 metros, obtendo assim a velocidade de deslocação do tractor.

Exemplo:
Foram percorridos 100 metros em 60 segundos.
360/60 = 6 Km/h
A velocidade de deslocação é de 6 km por hora.
A largura de trabalho (L)é igual à largura da rampa de pulverização.

A quantidade de líquido gasta por ha também pode ser obtida da seguinte forma:
Encher o pulverizador com água.
Acelerar o motor do tractor até às rotações pretendidas na tdf.
Seleccionar a pressão de pulverização.
Escolher a velocidade de deslocação do tractor.
Percorrer 100 metros a pulverizar.
Atestar novamente e medir a água consumida.
Mediante área percorrida (100m) e a largura da barra de pulverização obtém-se a área pulverizada.
Através de uma regra de 3 simples pode calcular-se a quantidade gasta por ha.

Exemplo:
Um pulverizador, com uma rampa de 6m de largura percorreu 100m a pulverizar e gastou 50l de água. Qual o consumo por ha?
Como a distância percorrida foi 100m com uma largura de 6m de área de pulverização obtemos 600m quadrados de área pulverizada. Se nesta área foram gastos 50 litros de água, em 10000 metros quadrados (1ha) ir-se-ão gastar x litros de água.
X = 10000x50 = 833,3 litros de água por ha.
600


Manutenção de pulverizadores

Antes da campanha:
· Verificar o estado de limpeza dos filtros.
· Verificar a pressão do amortecedor de ar da bomba.
· Verificar se as peças estão lubrificadas de acordo com as instruções do fabricante.
· Verificar a tensão das correias, se for o caso.
· Efectuar a montagem dos bicos de pulverização, com chave apropriada.
· Verificar se existem fugas e, se as houver, eliminá-las.
· Verificar a pressão dos pneus, se for o caso.

Durante a campanha e diariamente:
· Lavar convenientemente o depósito e restante tubagem.
· Limpar os filtros.
· Limpar os órgãos de pulverização (bicos).
· Limpar e lubrificar todos os pontos de lubrificação.
· Verificar o nível do óleo da bomba de aspersão.
· Verificar a pressão do ar.
· Verificar o bom funcionamento do manómetro.
· Verificar fugas e o estado das tubagens.
· Certificar-se do bom funcionamento dos dispositivos anti-gota e dos bicos.
· Verificar e regular a tensão das correias de transmissão, caso existam.

No final da campanha
· Esvaziar o depósito e lavar com água limpa.
· Não deixar calda no circuito de pulverização.
· Lubrificar as peças móveis.
· Limpar o exterior do pulverizador e repintar as peças metálicas.
· Guardar o pulverizador ao abrigo do sol, da chuva e se possível coloca-lo em cima de um estrado de madeira.
· Esvaziar os pneus, caso existam, tendo calçado previamente o aparelho.
· Retirar a pressão do amortecedor de ar da bomba.
· Descomprimir as molas do regulador de pressão.
· Certificar-se do bom estado dos dispositivos de protecção nomeadamente, as transmissões por veio telescópico dos cardans e os ventiladores.
· Substituir o óleo dos cárteres de lubrificação das bombas e das transmissões.

Conclusão

O presente manual, elaborado pelos formandos do curso EFA - B3 Mecanização Agrícola, baseou-se num levantamento e análise de conteúdo da literatura da especialidade visando as boas práticas na utilização das máquinas agrícolas.

Bibliografia consultada

Confederação dos Agricultores de Portugal. Departamento de Formação Profissional. Alfaias Agrícolas, Manual Técnico do Formando. 2006.
Confederação dos Agricultores de Portugal. Departamento de Formação Profissional. Mecanização Agrícola, tractor, Manual Técnico do Formando. 2006.
Carvalho, Rui Fernando. & Saruga, Filipe José Buinho. 1994. Mecanização Agrícola – 1º e 2º Volume . Ministério da Agricultura.
Carvalho, Rui Fernando. & Saruga, Filipe José Buinho. 2007. Motores e Tractores – 1º Volume . Ministério da Agricultura.
Carvalho, Rui Fernando. & Saruga, Filipe José Buinho. 2007. Máquinas Agrícolas – 2º Volume . Ministério da Agricultura.

CÍRCULO DE MÁQUINAS (CM) - INTRODUÇÃO

Os círculos de máquinas consistem num sistema de aluguer, ou troca de máquinas agrícolas. É um sistema inovador de ajuda mútua entre os agricultores, facilitando aos mesmos, a obtenção de máquinas sem estes terem necessidade de as comprarem, tendo assim por este método acesso a todas as máquinas que precisam, na sua exploração facilitando o trabalho para uma melhor produção agrícola.
Para constituir este empreendimento empresarial basta:
Organizar um grupo de agricultores de preferência da mesma região ou zonas circundantes e juntarem-se em associação e eleger um elemento para gerir o (CM)
Este gerente deve ser activo e dinâmico ter formação profissional e técnica para o desempenho deste trabalho, pois este terá nas suas mãos toda a responsabilidade para o bom funcionamento desta (CM)
Para iniciar esta empresa associativa deve de início colectar-se nas finanças, abrir um pequeno escritório equipado, uma base de dados informatizada e acesso a uma ou mais linhas telefónicas e contratar um funcionário para o ajudar na sua execução empresarial.
O círculo de máquinas teve origem na Alemanha e só há algum tempo é que este sistema apareceu no nosso país, mas desconhece-se o seu uso, talvez devido à crise que a agricultura portuguesa atravessa e às más políticas dos nossos governantes que nestes últimos anos têm vindo a aplicar inibindo a sua aplicação.
Em Vila Nova de Famalicão foi implantado um (CM), uma experiência piloto provida pela direcção de serviços de mecanização Agrária do IEADR e pela Direcção Regional de agricultura do Douro e Minho.
Este tipo de sistema para a aquisição de máquinas consiste em pedidos de subsídios estatais e bancárias, estes em leasing para o começo da actividade, vindo depois a ser amortizado, através de pagamento de quotas anuais pagas pelos associados e uma pequena quota no aluguer das máquinas a requisitar pelo agricultor.
Neste sistema de (CM) devem ser salvaguardados todos os interesses dos associados agrícolas, principalmente dos pequenos agricultores, trazendo inúmeras vantagens e servindo, em geral, os seus interesses, salvaguardando-os e ajudando-os numa melhor organização e execução dos seus trabalhos.
Trabalho de pesquisado, efectuado por:
Formandos do Curso EFA- B3 Mecanização Agrícola